Em alguns círculos profissionais, a reputação dos sistemas portáteis de interpretação não é das melhores, sobretudo na Europa. E os termos usados para designar um equipamento móvel não deixam dúvida quanto a isso: bidule (treco); valisette (malinha); tour-guide, etc.

Contudo, há situações em que o equipamento portátil é a única solução prática, o que explica sua crescente popularidade junto a várias organizações internacionais que o utilizam com freqüência em trabalhos de campo ou em reuniões onde a limitação de espaço impede a instalação de cabines. E considerando ademais sua conveniência e seu baixo custo, as empresas privadas já o adotaram como solução há muito.

É bem verdade que no passado um equipamento móvel tradicional submetia o intérprete a jornadas longas de trabalho em pé, além de péssimo conforto auditivo. Com os sistemas portáteis convencionais, o intérprete, sem uma linha de áudio direta, era forçado a caminhar pela sala, aproximando-se de quem estivesse usando a palavra e esforçando-se para falar o mais baixo possível de modo a não incomodar o orador. Ou seja, as condições de trabalho estavam longe de serem ideais.

Mas isso agora é passado. Uma nova geração de equipamentos portáteis bi-direcionais promete resolver todas essas questões. Os sistemas mais novos incluem dois transceptores de dupla função, um para o orador, outro para o intérprete. Agora, utilizando um único aparelho acoplado à cintura, o intérprete pode ouvir o som com qualidade cristalina e transmitir sua interpretação simultaneamente, acomodado confortavelmente numa cadeira no fundo da sala.

Nos casos de mais de um orador — como em uma sala de reunião executiva ou em um conferências para pequenos grupos onde os participantes partilham um microfone de mão — os novos equipamentos oferecem uma estação-base (dock) que captura todo o sinal de áudio que alimenta os alto-falantes da sala e o transmite ao intérprete sem fio.

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Acabou aquela história de se debruçar sobre o orador ou correr de uma ponta à outra da mesa para escutar o que se diz. Nada de interpretação sussurrada no ouvido de um ou dois palestrantes. Os participantes podem escolher o canal que mais lhes convenha e acompanhar a fala do orador ou do intérprete, diretamente por meio de receptores supercompactos.

Esses novos equipamentos representam um grande avanço em relação aos sistemas portáteis do passado e podem ser configurados de inúmeras maneiras para acomodar vários intérpretes e várias línguas. Não requerem instalação. Não requerem alimentação elétrica. Basta só abrir a maleta, distribuir os aparelhos e… correr pro abraço.

Os sistemas portáteis mais modernos podem ser adquiridos a bom preço hoje e funcionarão sem necessidade de manutenção por anos a fio. É um investimento que se recupera rapidamente. Um sistema portátil também aumenta o seu valor como intérprete, ao torná-lo mais atraente para uma gama maior de clientes exatamente pelo valor agregado pelo equipamento. E por fim, você ainda pode capitalizar sobre seu sistema, alugando a outros colegas o equipamento que não esteja em uso.

Portanto, se você é intérprete e ainda não tem seu próprio equipamento portátil, eu recomendo que invista em um. Faça uma busca na rede pelo sistema que melhor o atenda. Se precisar de ajuda, entre em contato e eu lhe darei algumas dicas.

Duas importantes ressalvas, ao concluir:

  1. um equipamento portátil não se aplica a toda e qualquer situação e nem tem por objetivo substituir equipamento de maior performance exigido em conferências de grande porte. Tampouco pretende questionar o valor da boa técnica de interpretação consecutiva em reuniões diplomáticas ou comerciais de alto nível.
  2. um intérprete consciente deve esforçar-se por promover e preservar as boas condições de trabalho que nossa profissão lutou tão arduamente para estabelecer, especialmente no que tange a jornada aceitável de trabalho e atuação em equipe. Equipamento nenhum deve ser desculpa para se trabalhar sozinho ou por jornadas superiores a seis horas.

Dito isso, um bom equipamento portátil irá lhe dar muito mais conforto, poupar sua voz, reduzir seu estresse. Pode mesmo salvar sua vida durante longas e extenuantes missões em campo, ou caso você seja chamado com freqüência a atender pequenas reuniões ou apresentações para grupos itinerantes. Falo por experiência própria, tendo realizado inúmeras missões assim, em quatro continentes. Pode acreditar.

Image source: singletrackworld.com 

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Qual a sua experiência  no uso de um equipamento portátil:

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5 Responses

  1. Olá, Ewandro!
    Como seguidora de seus ensinamentos para nós, intérpretes, depois desse seu artigo fiquei convencida a investir em equipamento próprio. Faz todo o sentido! E é um passo inovador para o profissional, porque facilita a vida do cliente e torna mais dinâmica e confortável a sua própria.

    Bom ter um mestre como você compartilhando o que há de melhor para nós.
    Abraço,
    Lucy (SP)

    1. Oi, Lucy. Muito obrigado por suas gentis palavras. Fico feliz em tê-la ajudado nessa importante decisão. Se precisar de alguma dica quanto aos tipos de equipamento, entre em contato. Obrigado por ler os meus posts.

  2. Eu tenho meu próprio equipamento e foi um dos melhores investimentos que já fiz. Agora quero investir em um sistema que me permita dar um lapela para o palestrante e ouvi-lo sem ter que depender do som da sala. Ótimo post!

  3. Bom dia, Ewandro! Eu uso equipamento próprio também. Me primeira experiência foi muito positiva e estou louca para revivê-la. Essa é uma das razões por que quero promover tecnologia no meu evento. Precisamos de mais profissionais comprometidos com o futuro da profissão, exigindo qualidade e flexibilidade para desempenharmos nosso trabalho da forma correta.

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